A Ilusão Chamada Amor

13 11 2009

foto no sofa

Há alguns anos atrás tive um momento epifânico na minha vida. Ele chamava-se amor. Ou melhor, a tentativa de compreensão do sentimento mais ilógico do mundo. E cheguei à conclusão de que o amor é inexplicável. É como o universo, o infinito, a quarta dimensão – o ser humano não tem a capacidade de entendê-lo. Depois de alguns relacionamentos duradouros, de muitos vais-e-vens, a vida demonstrou-me claramente que a sociedade e cada indivíduo enxergam o amor de forma extremamente distorcida. Desde pequenos, a influência externa do símbolo do amor é impregnada: filmes e contos terminam sempre no tal do “felizes para sempre”. Romeu e Julieta – grande ilusão. E vende como água gelada em dia de calor. E nós – bobinhos – acreditamos que realmente vai ser assim. E aí vem a Igreja, gente! Ela diz: “até que a morte os separe”. 

Tá, e daí? E daí que as coisas não funcionam assim. O amor, ao meu ver, só existe de uma forma: de mãe para filho e não reciprocamente. O amor (de casal) é construído por diferentes sentimentos, mas ele em si, não existe. É o conjunto das experiências adquiridas, dos momentos únicos, dos códigos malucos (como chamar à namorada de… macaca! Só ele e ela sabem o porquê), do tesão e da sensação de ser e fazer algo especial. Diferente da paixão – muito cuidado. A paixão cega, a paixão mata, a paixão consome, a paixão emburrece. Parabéns, se você consegue evoluir e entender que a paixão é passageira e evoluir pro caminho do amor. 

Um livro que tenta explicar o tal do amor é “Retratos de Amor” – de Rubem Alves. Grande Rubens. Fantástica forma de tentar racionalizar o irracionalizável, de mostras as várias facetas do amor, de mostrar pra gente que amar não é um sentimento, e sim, uma arte. A arte de compreender e respeitar, a arte de fazer história, a arte da cumplicidade. A partir daí é que se pode pensar em “felizes-com-os-devidos-altos-e-baixos-para-sempre”. Nietzsche entra na história e diz: se o casamento é cogitado, você deve pensar se conseguirá conversar com a pessoa na sua velhice. Porque todo o outro resto é efêmero. Só resta a conversa.

Apesar de, às vezes, ter meus ataques (ninguém é perfeito e ainda por cima sou mulher – o que torna minha vida um tanto quanto complicada quando os hormônios estão em ação), tento fazer do meu relacionamento, o melhor. Espero que haja sucesso.