TPM para Homens – o Guia

6 02 2010

Depois de alguns chiliques, um nervoso cá e outro lá, tentei explicar ao meu namorado porque é que, quando a mulher está de TPM, é tão difícil portar-se normalmente. Expliquei que o nível do hormônio tal sobe e o outro desce, e que são estas oscilações que nos fazem “sofrer”. Parece frescura? Bom, aí vai o ciclo menstrual com exercícios adaptados ao homem, para ele entender um pouco mais sobre o que se passa no nosso corpo e na nossa mente durante o mês:

Início – Período Normal.

– Primeiro até o décimo dia do mês –
Você, homem, está feliz, normal, aliviado.

– Dia 11 –
Hum… Bom, hoje você não tá tããããão bem como antes, mas vai fingir que tá tudo bem.

– Dia 12 –
É… Agora começa o exercício: você deverá reduzir três horas do seu sono diário. Não vale cochilar durante o dia!

– Dia 13 –
Eita mal-humor… Você acorda e vê que o banheiro tá ocupado e já xinga dentro do seu cérebro. Qualquer coisa que aconteça é motivo pra ter uns trecos. Detalhe: você é obrigado a esconder o mal-humor e a irritação! Para o bem da sua família e amigos e namorada.

– Dia 14 –
Mal-humor…
“Táqueopariutemqueacordaragoraquemerdadocaralho”
O leite acabou… “Táqueopariu”
Hum… sexo… hummmmm, sexo…
“Táqueopariu”… hummm… sexo…
Esconda tudo!

– Dia 15 –
“Caráio… to cansado”
“Sai daqui”
“GggGgrrrRRrRrrR”
Agora, você pensa em algo triste. Sei lá, uma morte, um fora, qualquer coisa. E fica com essa tristeza a acompanhá-lo fielmente.

– Dia 16 –
Resumo: triste, mal-humorado, irritado, cansado. Mas você continua a sorrir para todo mundo. Pegue uma lixa e passe sobre seus mamilos. Eles ficarão bem sensíveis. Faça musculação pesada na lombar. Ficará dolorido. Enrole uma toalha na região abdominal e veja como as calças ficam mais apertadas. Reduza mais duas horas do seu sono diário para o mal-humor continuar. Tenha muita fome de porcarias.

– Dia 17 –
Seu celular cai no chão. Você sente uma raiva explosiva e depois em vontade de chorar, pois o mundo parece ter acabado. Tristeza, mal-humor, irritação, cansaço, dor nos mamilos, dor na lombar, barriga grande. Aí você come para descontar.

– Dia 18 –
“Meudeusquandoacaba?”. É, nessas alturas tá tudo virado. Dói tudo, todo mundo pega no seu pé, você tem vontade de chorar. Mas a máscara do bem estar ainda permanece colada no seu rosto. Bom, até certo ponto…

– Dia 19 ao dia 25 –
“Táqueopariu”!! …Hummm… chocolate!
“Táqueopariu”!! …Hummm… coxinha!
“Táqueopariu”!! …Hummm… cheetos!

– Dia 26 e 27 –
Tá chegando. Você já brigou com deus e o mundo, chorou escondido, sentiu-se um monstro e carrega um absorvente interno ou normal no bolso da sua calça.

– Dia 28 –
Você já está previnido e utiliza um absorvente. Coma alguma coisa estragada para a dor de barriga aparecer. Bom, não é a mesma dor, mas já ajuda. Exercite mais a lombar, para que ela doa bastante mesmo. Aí você, que estava sentadinho, decide levantar-se. No momento em que você levanta, um quente no meio das suas pernas. Você paraliza. Fica levantado e paralizado. Depois, você consegue se mexer normalmente. É, desceu. Aleluia! Agora, você vai ao banheiro umas 20 vezes ao dia, troca a paradinha lá embaixo e tem vontade de tomar 10 banhos. Repita o procedimento nos próximos 3 dias.

– Dia 29 a 31 –
Banheiro… Banheiro e mais banheiro… Cólicas e dor na lombar. Porém, seu astral tá ficando legal!
Mal-humor vai diminuindo… Alegria aparece… Você sorri de verdade!

Tá aí. Eu estou de TPM no momento. Achei o post uma merda, a torta que eu fiz ficou uma merda. Eita vontade de dar uns tabefe!





2010…

1 01 2010

Chegou o novo ano. Muita festa, muitas promessas. Deixar um ano velho para entrar em um novo é nada a menos do que cortar o tempo. Imaginariamente traça-se uma linha entre o velho e cria-se uma esperança que simboliza o início do novo. É, até eu acredito nisso. Todo o fim de ano tenho um sentimento nostálgico, uma depressão, uma fase cheia de reflexões. É quando penso no que fiz, no que poderia ter feito, no que poderia ter feito melhor. É o momento que me arrependo e energizo esperanças e objetivos para o ano que entra. Se eu consigo realizar tudo o que planejo a cada virada de ano? Pffff, nunca. Há 13 anos tenho o “projeto-verão” como objetivo, tipicamente feminino e fútil, que visa a prática de exercícios e dietas regulares para entrar num biquíni. Daqui a um ano, serão 14 anos que o projeto existirá e será reiniciado. Hm… Soa a frustração, nao? Que seja. A cada ano, uma nova esperança.

Como dizia Drummond:

Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial. Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão. Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos. Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar que daqui pra diante vai ser diferente

É, a esperança é a última que morre e a aquela que nos mantém viva.

E é por isso que já escrevi num papelzinho o que tenho planejado para este ano. Abrirei-o em 2011. =D





Sobre o Post da Fala – Hipótese de Sapir-Whorf

22 12 2009

Depois de um jantar na passada sexta-feira, tive uma conversa com uma linguista a respeito do ser-falar-pensar que já citei aqui. Contei a ela a minha ideia, que surgira de uma visita a um café, e para meu espanto, a hipótese de Sapir-Whorf explica exatamente aquilo que eu tentei explicar anteriormente.

Aqui vai um trecho de um texto de Phil Bartle e traduzido por Beatríz Trapp:

“Desde que nascemos, somos inundados com centenas de milhares de pedacinhos de informação por segundo, como som, cheiro, toque, temperatura e visão.

Eles são muitos e aleatórios. Em si, eles não têm significado.

É somente através de nossa interação com outro seres humanos que começamos a aplicar significado, e começamos a colocar um número de diferentes pedaços de informação nas mesmas categorias, palavras.

Estas palavras, ou categorias de grandes números de pedaços de informações, diferem de idioma para idioma.

Quando você observa alguma coisa, por exemplo, seu instrutor de sociologia na aula, você não obtém exatamente o mesmo grupo de informações que seu colega.

Duas coisas (inclindo alunos) não podem ocupar o mesmo espaço ao mesmo tempo.

Mesmo assim você normalmente concordaria que vocês dois viram a mesma coisa naquele momento.

Muito trabalho foi feito com a linguagem das cores, porque podemos usar esquemas de cores de cultura para cultura, então desenhar mapas comparativos das fronteiras entre cores.

Português, por exemplo, tem duas palavras separadas para vermelho e a mistura de vermelho e branco (rosa) mas não tem duas cores para azul e a mistura de azul e branco.

Alguns observadores atribuiram à linguagem um fator no vencimento da corrida espacial pelos Soviéticos em 1957, colocando Sputnik, o primeiro satélite construído por humanos, na órbita da terra.

A linguagem russa tem um tempo discontínuo, onde algo continua, para, então continua novamente.

Isto, por sua vez, permitiu que os matemáticos russos trabalhassem com maior facilidade com o conceito de algo dividido por zero, derivadas.

Isso, por sua vez, permitiu que os matemáticos russos e cálculo ficassem muito a frente dos americanos e europeus ocidentais.

Esta matemática avançada, por sua vez, foi um fator para os soviéticos colocarem Sputnik no espaço.”[sic]

Demasiadamente interessante, apesar de não haver comprovações o suficiente para tornar-se teoria.





A Solidão

9 12 2009


Estive pensando sobre a solidão – ou melhor, sobre a minha necessidade de solidão. Depois de muito tempo que passo junto com pessoas, eu necessito de um tempo. Um tempo pra mim, pra minha vida, pros meus pensamentos. Nem que eu não faça nadica de nada, mas ficar só é essencial. O silêncio, do qual falarei posteriormente, faz parte do meu ser. Talvez ele seja parte da minha fobia social, mas de qualquer forma, necessito.

Gosto de ir ao centro da cidade com um livro e sentar-me em um café. Ficar a ler acompanhada de um espresso e minhas interpretações. Depois, andar à beira do lago e acompanhar o pôr-do-sol. Muito bom. Conversar com meus sentimentos, pensar sobre o mundo e refletir sobre a minha vida.

Só assim é que eu me dou conta que existo. E só assim é que percebo que determinados instantes da vida é que fazem-na valer por inteira.* Hei de repetir assim que parar de chover.

* O momento. Talvez, no exato instante da sua ocorrência, ele não venha a ser tão importante. Mas quando olho para trás, percebo o quão extraordinário ele foi simplesmente pela sua lembrança e sentimento que daí aflora. Perfeito. Existem alguns que marcam logo de início e ficam até a morte. Mas, na sua maioria, são pequenos e por muitos desvalorizados. Quem é que lembra-se do outono, das folhas secas ao chão e do barulhinho maravilhoso que ecoa quando nelas se pisa? Quem é lembra-se da “coisa” gostosa que é mastigar uma bala 7-belo? Bom, eu páro a minha rotina para pensar exatamente nestes pequenos instantes da vida… Segue posteriormente um post sobre a independência e sua forte ligação com a solidão.





Ensaio Sobre A Cegueira – José Saramago

26 11 2009

Há praticamente nove anos atrás li meu primeiro livro de Saramago. Eu me lembro ainda que fui com meu ex-namorado e um amigo numa palestra dada pelo próprio Saramago em Curitiba, no Centro de Convenções. Era o lançamento do Ensaio Sobre A Cegueira. Até hoje sinto-me honrada de ter podido participar do evento.

Li o livro em 2 dias. Levei até para o banho, pois não conseguia desgrudar meus olhos daquelas páginas que me diziam muito e me agoniavam ao mesmo tempo.

Primeira impressão: fiquei encantanda. A forma comoSaramago vê o mundo é muito interessante. E o melhor, a forma como ele escreve e relata isso é o „mais-melhor-de-bom“. O livro fala sobre uma cidade em que as pessoas ficam cegas sem nenhum tipo de motivo aparente. E não tem cura. A cidade torna-se caos, ninguém vê mais nada. Agoniante!

E aí é que está a graça da história toda: o quão paralelo é a cidade dos cegos com a nossa sociedade atual? O capitalismo e a forma como vivemos hoje em dia é tão parelho à cegueira descrita no livro, que assustei-me. O mundo é ditado por determinadas pessoas e poderes, e nós, aqui „embaixo“, não percebemos. A mídia manipulada, da qual falarei posteriormente, torna-nos cada vez mais enganáveis. Somos cegos e continuamos cegos por opção somente pelo fato de não contestarmos o que vemos e ouvimos. Foda.





O Egoísmo e o Egocentrismo

15 11 2009

Eu li há uns dias atrás um post que falava sobre a morte (sobre ela: posteriormente). Nele, era abordado o fato do egoísmo ser razão fundamental das pessoas que choram a perda. As pessoas que perderam choram porque gostariam de TER novamente a presença física da pessoa que se foi. É verdade. Aí lembrei-me de que as atitudes egoístas são coisas que mais me intrigam e me fazem sentir mal no processo da minha vida. 

Fiz psicoterapia por muito tempo da minha vida, na tentativa de superar algumas dificuldades que fazem parte de mim. Aprendi a fazer exercícios que analisam e combatem a tristeza e outras coisas mais. No começo era legal, dava certo meio certo, mas depois parecia que não tinha adiantado. Depois de parar a terapia, parei para pensar do porquê do resultado não ser o esperado. Pá, dito e feito: a terapia enfatizava desde o início o egocentrismo. Claro que não da forma mais pesada, mas era essencial que eu me tornasse o centro da minha vida para parar de sofrer. Enfatizava-se o fato de que eu deveria me colocar sem dó como o centro, a pessoa mais importante da minha vida. Só que eu não sei fazer isso. É parte do meu ser que as outras pessoas (família, amigos, namorado) sejam colocados sempre à frente. Sofro com isso? Sim, mas decidi não mudar porque, para a minha vida, o egocentrismo é errado. Talvez a pessoa egocêntrica viva melhor (não se coloca na pele dos outros, não sofre pelo fato do resto do mundo ser como é, não pensa que tem gente passando fome), com menos sofrimentos externos. Quem nunca conheceu aquele(a) babaca? Que diz que o dele(a) ele(a) garante e que “tá-pouco-se-fodendo” (e ainda acha lindo falar assim…). Pois é – e tem tantos indivíduos assim… 

Aí, giro mais um pouco nos pensamentos e penso sobre a prática do altruísmo. Na teoria é muito bonito. Só que, seria o altruísmo uma forma também egoísta do ser, para que ele – o altruísta – tenha a sensação de bem-estar ao praticar um ato altruísta? Exemplo: eu compro uma coxinha para o mendigo que tem fome. Eu dou-lhe a coxinha e fico feliz por ver a felicidade dele. Pratiquei, inconscientemente, um ato egoísta. Talvez o então o altruísmo não seja o oposto do egoísmo, mas sim, um egoísmo que também faz o outro ficar bem. Nossa… Sei lá – me assustei agora! 

* O egoísmo e o egocentrismo estão ligados intimamente. O egocentrismo é característica natural do ser humano nos seus primeiros anos de vida: recebe toda a atenção do mundo, tudo gira em torno dele. Seus pais vivem por ele. Aí a pessoa cresce e tem atitudes extremamente egoístas para tentar voltar ao egocentrismo inicial da vida – mas agora, como a vida social é ativa e ninguém deveria ser centro, ela age egoisticamente na tentativa de ser centro. O egocêntrico pratica o egoísmo, mas o ato egoísta por der gerido de alguém que, não necessariamente, é egocêntrico.





A Ilusão Chamada Amor

13 11 2009

foto no sofa

Há alguns anos atrás tive um momento epifânico na minha vida. Ele chamava-se amor. Ou melhor, a tentativa de compreensão do sentimento mais ilógico do mundo. E cheguei à conclusão de que o amor é inexplicável. É como o universo, o infinito, a quarta dimensão – o ser humano não tem a capacidade de entendê-lo. Depois de alguns relacionamentos duradouros, de muitos vais-e-vens, a vida demonstrou-me claramente que a sociedade e cada indivíduo enxergam o amor de forma extremamente distorcida. Desde pequenos, a influência externa do símbolo do amor é impregnada: filmes e contos terminam sempre no tal do “felizes para sempre”. Romeu e Julieta – grande ilusão. E vende como água gelada em dia de calor. E nós – bobinhos – acreditamos que realmente vai ser assim. E aí vem a Igreja, gente! Ela diz: “até que a morte os separe”. 

Tá, e daí? E daí que as coisas não funcionam assim. O amor, ao meu ver, só existe de uma forma: de mãe para filho e não reciprocamente. O amor (de casal) é construído por diferentes sentimentos, mas ele em si, não existe. É o conjunto das experiências adquiridas, dos momentos únicos, dos códigos malucos (como chamar à namorada de… macaca! Só ele e ela sabem o porquê), do tesão e da sensação de ser e fazer algo especial. Diferente da paixão – muito cuidado. A paixão cega, a paixão mata, a paixão consome, a paixão emburrece. Parabéns, se você consegue evoluir e entender que a paixão é passageira e evoluir pro caminho do amor. 

Um livro que tenta explicar o tal do amor é “Retratos de Amor” – de Rubem Alves. Grande Rubens. Fantástica forma de tentar racionalizar o irracionalizável, de mostras as várias facetas do amor, de mostrar pra gente que amar não é um sentimento, e sim, uma arte. A arte de compreender e respeitar, a arte de fazer história, a arte da cumplicidade. A partir daí é que se pode pensar em “felizes-com-os-devidos-altos-e-baixos-para-sempre”. Nietzsche entra na história e diz: se o casamento é cogitado, você deve pensar se conseguirá conversar com a pessoa na sua velhice. Porque todo o outro resto é efêmero. Só resta a conversa.

Apesar de, às vezes, ter meus ataques (ninguém é perfeito e ainda por cima sou mulher – o que torna minha vida um tanto quanto complicada quando os hormônios estão em ação), tento fazer do meu relacionamento, o melhor. Espero que haja sucesso.





A Inércia Humana

11 11 2009

Ontem mesmo, numa carta de aniversário a um amigo, escrevi sobre a inércia humana. A inércia em que os indivíduos vivem hoje e que não conseguem libertar-se. Incrível. O mundo rola em piloto automático e as pessoas mantêm os mesmos desejos: muito dinheiro para que possam ter de tudo. Tudo o que se perde fácil. Pessoas agem naturalmente de forma gananciosa e esquecem daquilo que realmente importa. Seguem como formigas em direção ao formigueiro, uma atrás das outras, em busca da felicidade comprada em dinheiro e depois não entendem o porquê de sempre necessitar mais. É, os verdadeiros valores se perderam nas moedas e trocos; e o ser humano tenta completá-los com o material tocável. Tem-se tudo, mas não tem-se nada.






A Traição

14 10 2009

O tabu da sociedade monogâmica: traição. Hoje, pensava neste tema que me amedronta e interessa. Por que pensamos que a traição é tão ruim? Bom, uma das razões é a imposição  da sociedade. Sociedade que tem sua moral ditada pela religião; e religião que tem a monogamia como símbolo do amor. Mas o que é realmente a traição… Seria suprir o desejo (tesão) que aflora para com outros indivíduos no momento em que você está comprometido? Ou é amar mais de um ao mesmo tempo? Levemos em consideração que as duas coisas sejam traição. Ok. Então por que é que eu tenho tanto medo?

Toda a traição, seja ela amorosa ou relativa à amizade, reflete em perda de confiança. E quando a confiança se vai, é como um dente permanente que cai: não volta. Falta de confiança é sinônimo de insegurança. Insegurança pode, em determinados casos, terminar em baixa auto-estima. E tudo isso corre em um círculo vicioso, em inércia perfeita. E quanto mais a insegurança está presente, mais você tenta prender o parceito/amigo para si. Grande erro. Ele(a) vai. Baixa auto-estima passa a ser um estado natural do ser traído. Mas por que é que a traição é vista como perda de confiança? Traição simboliza então a perda de algo que, supostamente, pertence ao ser traído. Possessividade, ter, ter e mais ter. “Você é meu”. O quão egoísta seria aquele que não daria a mão a quem o traiu? Por que um homem ou mulher não pode amar a dois/duas ao mesmo tempo? Por que não se pode ter dois melhores amigos? Se ninguém é perfeito, deveríamos hipoteticamente ter a opção de, pelo menos, juntar um pouco daqui e dali para que as necessidade fossem supridas. Ou não. Não sei.





O Ser e o Falar

30 09 2009

Há um tempo atrás me peguei pensando na ligações existentes entre o primeiro idioma que aprendemos nas nossas vidas e a forma que funcionam os nossos pensamentos.

Assim, um exemplo baseado na minha experiência linguística, se é que ela pode ser denominada desta forma:

Eu nasci e cresci com o idioma português e japonês. Logo, meu raciocínio deriva-se da forma como as primeiras palavras e expressões foram gravadas na minha cabeça. Mas isso agora não vem muito ao caso, pois quero fazer um paralelo entre os faladores de “brasileiro” e os faladores de alemão. 

Moro na Alemanha há exatamente 5 anos e 8 meses. Percebi que, muito do que eu vivenciei dos alemães, pode estar ligado ao idioma. Para quem não sabe, o idioma alemão funciona assim:

– tudo numa frase tem seu lugar;

– é muito formal – mas o japonês é mais formal ainda (talvez por isso seriam mais fechados???)

– existem verbos extremamente expecíficos para cada coisa que se faz;

– não é nada flexível, quer dizer, não existe muito o duplo sentido* que pra gente é normalíssimo

– e assim por diante.

A partir daí, lembrei-me de outra coisa: os latinos são conhecidos mundialmente pelo seu jogo de cintura. Latino é derivado de Latim. Não sei muito da origem e formação da língua latina, mas se ela for flexível e cheia de vais-e-vêns como o português, espanhol, etc. (todas línguas latinas), não seria possível que realmente haja relação entre as duas variáveis “idioma” e “comportamento”? Que a formação do pensamento seja derivada também da forma em que a língua mãe se comporta? Será que existem líguas em que o pronome possessivo ou o verbo “ter” não existem e, consequentemente, as pessoas comportam-se de forma menos gananciosa? Ou seria o inverso de tudo isso? O homem aprendeu a falar depois de já existir uma tal de sociedade. E talvez, a origem do idioma esteja diretamente ligada ao comportamento que os seres mantinham nas antigas e primitivas sociedades…  Hm… penso, penso.

*fui questionada ha pouco sobre o termo “duplo sentido”. Duplo sentido, neste caso, refiro-me essencialmente à capacidade de uma expressão ou termo tem de significar algo que, literalmente, não faz sentido. E não o fato de uma palavra e/ou expressão possuir diferentes sifnificados.